segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

DIA DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA 21/01/2013



Católicos, evangélicos, umbandistas, candomblecistas, protestantes, judeus…  A pluralidade de manifestações religiosas no nosso país tem raízes históricas. Somos um povo heterogêneo, marcado por diversidade e riqueza cultural no que diz respeito às mais diferentes formas de propagar e viver a fé.
Viver uma crença significa se firmar a ensinamentos que fazem de nós pessoas melhores com base em princípios e valores de bem, de compreensão e de respeito. Mas infelizmente, essa diferença vem fomentando uma série de violências físicas e verbais ao outro. São milhares de mortes justificadas pela intolerância religiosa no mundo, um marco de que há algo errado.
E é claro que há algo errado! Como em nome das religiões são provocadas tantas guerras e conflitos se todas, intimamente, buscam o mesmo fim? Como as diferenças de credo e devoção são motivo plausível para excluir, ridicularizar e maldizer? Como pode um instrumento de paz servir de embasamento para o desrespeito?
Na busca da recuperação desse respeito entre os cidadãos, seus hábitos e sua fé, celebra-se no dia 21 de janeiro o dia nacional de combate à intolerância religiosa. Convido a todos (independentemente de suas crenças) para que se unam a esse movimento da forma que julgarem mais conveniente: seja numa mudança de atitude, num pedido de desculpas a um amigo por alguma desavença de fundamento religioso, participando de alguma manifestação pública ou mesmo em seu íntimo. Afinal, não há religião no mundo que nos torne menos humanos. Somos todos iguais.

Vereador RJ, Atila Alexandre Nunes
 Fonte: http://vereadoratilanunes.com.br

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Itamaraty dá mais 4 passaportes diplomáticos a líderes evangélicos!

“Segue carta protocolada, agora vamos aguardar a resposta, mas devemos lembrar que o erro não esta apenas no que concede, mas também naqueles que nada pedem, o grande erro nosso é de não interagirmos perante a sociedade, muitas vezes reclamamos muito, mas nada fazemos de efetivo.”  Diz Alexandre de Oxalá - Baba Alaíyé em Rede Afrobrasileira Sociocultural.


O papel social das religiões

Autor(es): Daniella Hiche
Correio Braziliense - 18/01/2013


» DANIELLA HICHE Membro do Comitê de Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e da Comunidade Bahía do Brasil

O surgimento de novas formas de intolerância religiosa no Brasil reabriu os baús que escondiam a opressão e a violência cometidas contra os seguidores de tradições religiosas não reconhecidas outrora pelo pensamento dominante de nossa sociedade.

A intolerância varia imensamente em suas formas e manifestações. Assume as vestes da negação da capacidade ou do direito das religiões de contribuírem para o pensamento e políticas públicas de interesse coletivo — uma forma de intolerância sutil e refinada, praticada pelos mais doutos e mascarada na defesa da laicidade do Estado. Passa pela necessidade enfrentada por indivíduos e coletivos de remodelar suas crenças para atender as aspirações de uma sociedade em evolução. E culmina com "neonismos" de formas mais arcaicas e violentas — incluindo a difamação e a incitação ao ódio —, diante de aparente despreparo psicológico coletivo para lidar com a diversidade.

Tardia e timidamente, o Brasil começa a se dar conta da pluralidade de suas matrizes religiosas. Contudo, a intolerância se manifesta de novas formas, contrapondo esse ritmo lento assumido. É como se a um adolescente se revelasse repentinamente quem são seus verdadeiros pais: negação, crise e revolta, sendo-lhe ainda impossível — em sua imaturidade — entender a riqueza e complexidade do mosaico de sua realidade.
Mas, diante de todas as dificuldades, o povo brasileiro teima em acreditar. As tradições religiosas afro-brasileiras e indígenas, por exemplo, continuam fazendo ecoar seu grito pelo reconhecimento. Para além do respeito, seus seguidores querem ser tratados como protagonistas na formulação do pensamento e da identidade da nação brasileira. As condições desfavoráveis desde o colonialismo não as impediram de realizar sua ação social, indicando a vitalidade e a força que essas — e outras — ditas minorias religiosas oferecem ao nosso país.

Como em qualquer processo de amadurecimento, aqueles que aspiram por uma sociedade alicerçada na prevalência dos direitos humanos aprendem a fazê-lo com paciência histórica. Ainda que a promoção, a proteção e a defesa dos direitos humanos no Brasil estejam aquém dos pré-requisitos para que nossa sociedade possa extrair concomitantemente da ciência e da religião a seiva para sua prosperidade e bem-estar, há avanços significativos.

A terceira edição do Plano Nacional de Direitos Humanos contempla em suas ações programáticas mecanismos para o livre exercício das diversas práticas religiosas, coibindo manifestações de intolerância, além da realização de pesquisas populacionais para identificar as práticas religiosas e não crenças, bem como o número de seus adeptos no Brasil. Também reconhece a função da diversidade religiosa na disseminação da cultura de paz e propõe que essa mesma diversidade seja contemplada nos currículos escolares, como elemento da educação em direitos humanos.

Em novembro de 2011, deu-se início ao processo de formação do Comitê Nacional de Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, composto, por ora, por religiosos e acadêmicos. Sua principal atribuição é auxiliar o governo brasileiro na formulação e execução de políticas que, para além de combater a intolerância religiosa, fomentem a valorização do papel social das religiões no Brasil em meio à riqueza de sua diversidade.

Segmentos da sociedade civil brasileira também vêm aprendendo a trabalhar ombro a ombro com organizações religiosas. A antiquada visão de que o papel social das religiões limita-se à caridade vem cedendo lugar ao reconhecimento de que possuem uma função tanto colaborativa na formulação do discurso público no que tange a saúde, a educação, a segurança pública e o desenvolvimento nacional, como executora e disseminadora desse discurso, tendo em conta a capilaridade no tecido social desses protagonistas.

A laicidade do Estado é um princípio basilar para a garantia e valorização da diversidade religiosa, pois é capaz de descaracterizar a hegemonia dominante que impede a própria afirmação desse princípio.

O Brasil chega à fase adulta cobrando do Estado e de seus cidadãos a maturidade de reconhecer a função social das religiões e a verdadeira essência do lema "igualdade na diversidade". Aproveitemos o 21 de janeiro, Dia Internacional das Religiões e Dia Nacional do Combate à Intolerância Religiosa, para quebrar definitivamente os cadeados dos baús do passado. Tomemos a opressão à diversidade religiosa praticada no passado como lição, evitando assim o escalamento das novas formas de intolerância religiosa e construindo um futuro de mais liberdade e respeito a todas as crenças.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Tenda Espírita de Umbanda Légua Boji Buá

Algumas fotos da festa de ano novo (2013) realizada no bairro Vila Isamara - Chapadinha (MA)










FTU - Faculdade de Teologia Umbandista


 MEC, Ensino Superior e as Religiões Afro-brasileiras


Aranauan, Saravá, Axé!

Nesse início de semana foi dada ampla publicidade ao trabalho do Ministério da Educação (MEC) em relação às instituições de ensino superior:
“Foi publicada nesta terça-feira (8) no Diário Oficial da União lista com mais 38 cursos superiores com notas insatisfatórias na última avaliação do MEC (Ministério da Educação). A lista de cursos que estavam em análise complementa o anúncio feito pelo MEC (Ministério da Educação) em 2012 que apontava 207 cursos superiores reprovados. Os cursos, que receberam notas 2 no CPC (Conceito Preliminar do Curso) de 2011, serão punidos com a suspensão de sua autonomia e assim não poderão, por exemplo, criar novas vagas. Cursos com conceitos abaixo de 3 ficam também automaticamente impossibilitados de oferecer o benefício do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil)”. Fonte: UOL Educação
Aos amigos que não estão acostumados com os processos acadêmicos, a nota máxima que curso de uma instituição de ensino superior pode ter é 5. Um curso com nota 2 não terá condições, caso mantenha essa nota após planos de ação da Faculdade em questão, de permanecer aberto. A extensa relação de instituições que ficaram com nota 2, inclusive algumas tradicionais em ensino superior, demonstra o esforço do MEC em alcançar um alto nível de ensino para as várias graduações do Brasil.
Mas o que isso tem a ver com as religiões afro-brasileiras? Desde 2003, muita coisa. A única instituição de ensino superior de confessionalidade afro-brasileira, Faculdade de Teologia Umbandista, também passou pela avaliação do MEC. Pai Rivas informou na quinta em primeira mão, por meio de seu blog, que a FTU conseguiu nota 4 em 5! Pai Rivas lembrou também que a equipe responsável por essa nota é composta integralmente por filhos e filhas espirituais de seu terreiro que trabalharam e trabalham com ele no terreiro até hoje.
Essa nota concretiza o projeto da FTU que é calcado no tripé: ensino de excelência, pesquisa de ponta e levar a academia para as ruas através do diálogo. Algo dito por Pai Rivas desde 2010 e que mais uma vez se manifestou com a benção do Astral.
Parabéns às Religiões Afro-brasileiras por contribuir com a sociedade civil oferecendo um curso que, pelos padrões do MEC, coloca a FTU entre os melhores cursos de teologia do país!
Quem diria... Essas mesmas religiões tão marginalizadas por alguns poderosos setores da sociedade agora são sinônimo de ensino de qualidade por meio da FTU. E deixa a Gira girar!

Aranauan, Saravá, Axé,
Yabauara (João Luiz Carneiro)
Discípulo de Mestre Arhapiagha (Pai Rivas)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

FTU unindo e dando voz às religiões afro-brasileiras



Na última publicação discorremos sobre as Escolas Afro-brasileiras e duas delas, em especial, cujos conteúdos rituais e simbólicos possibilitam o trânsito religioso entre a Umbanda (ênfase na louvação dos ancestrais) e o Culto de Nação Africano (Candomblé, ênfase na louvação dos Orixás). Explicamos e situamos também a importância da Faculdade de Teologia Umbandista nesse contexto, pois um de seus objetivos é a valorização de todos os rituais existentes dentro do universo denominado de religiões afro-brasileiras.

A Teologia é o senso crítico da religião e pensamos que a mesma possui dois braços, um que se volta para atender o viés acadêmico e o outro, o viés religioso. No primeiro, estão as discussões específicas e científicas sobre a teologia, a cosmologia e cosmogonia das divindades, os processos históricos-culturais, a contextualização dessas religiões em solo brasileiro, entre tantas outras. No segundo, no viés religioso, a religião é vista como um caminho, um conjunto de ideias e práticas que são aceitas como eficazes, importantes para justificar a existência. Além disso, a religião interessa-se por tornar a existência “mais fácil” proporcionando aos adeptos bem estar e conforto físico e espiritual. Nossa teologia, portanto, interfaceia com esses dois braços: o acadêmico e o religioso.

Voltamos a esta discussão porque em uma de nossas leituras lemos uma frase de Roberto Motta, antropólogo e pesquisador dos Xangôs de Recife, que dizia que os sacerdotes do candomblé e de outras religiões afro-brasileiras buscavam sua teologia nos estudos antropológicos. Ao mesmo tempo, sentimo-nos muito felizes por termos proporcionado a todas as Escolas Afro-brasileiras um espaço legítimo de discussão teológica, ou seja, hoje em dia os pais e mães de santo, adeptos e simpatizantes podem recorrer à FTU para dialogarem, conversarem, criarem laços e, sobretudo, discutir (produzir) sua teologia de forma clara e transparente. A FTU é um local de discussão e sua teologia foi tão bem estruturada que vários dos acadêmicos( Cientistas Sociais, Historiadores, Cientistas Políticos, Teólogos Cristãos e Cientistas da Religião) passaram a frequentar nossos eventos e tornaram-se grandes amigos. Apenas para citar alguns deles, Prof. Dr. Luiz Assunção, Prof. Dr. Reginaldo Prandi, Prof. Dr. Sergio Ferretti, Profa Dra. Mundicarmo Ferretti, Prof. Dr. Volney Berkenbrock, Prof. Dra. Irene Dias e tantos outros! Hoje temos uma teologia das religiões afro-brasileiras que dialoga abertamente com vários setores acadêmicos, com a antropologia, sociologia e outras teologias confessionais.

Na verdade, a criação e o histórico da FTU dariam várias laudas, talvez um grande livro! Para resumir tivemos dois grandes momentos de trabalho na instituição, o primeiro grupo que auxiliou a pensar e construir a ideia da FTU. Este, ainda que tenha dispendido esforços, não conseguiu levar avante a tarefa nem concretizar a proposta perante os órgãos superiores, no caso o MEC. Já o segundo, felizmente, composto por uma verdadeira equipe de trabalho, atuante, engajada, militante, fez valer sua força e conquistou em sua última avaliação do MEC a nota 4 (sendo a nota máxima 5!). Isso muito nos honra, pois toda a equipe é formada por nossos filhos e filhas espirituais. Recentemente, uma notícia correu nas redes sociais sobre as várias faculdades que não obtiveram a nota mínima para funcionamento, dentre elas várias bastante reconhecidas no mercado educacional. Esperamos que, em breve, tais universidades possam reestabelecer suas produções científicas de qualidade. Mas não podemos negar que, mediante essas notícias, ficamos ainda mais felizes, honrados e convictos com nossa instituição, com nosso trabalho, na certeza de nos empenharmos ao máximo para ofertar ao povo de santo uma educação de qualidade e uma teologia, antes inexistente. Afinal de contas, esse processo que a teologia afro-brasileira passa, beneficia as próprias religiões afro-brasileiras pelo fato de estarem contextualizadas sob duplo aspecto: em isonomia com as demais confessionalidades e respeito incondicional à diversidade do povo de santo.

Axé!

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá 
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico

Publicado: quinta-feira, 10 de janeiro de 2013