terça-feira, 27 de novembro de 2012

Dia 04 de Dezembro é dia de nossa Mãe Yansã


Eparrey Yansã Guerreira


Iansã, ou Oyá, é um orixá cuja figura, no Brasil, é sincretizada com Santa Bárbara, pela Igreja católica. Senhora do Rio Niger, é representada com um alfange e uma cauda de animal nas mãos, e com um chifre de búfalo na cintura.
Nas lendas provenientes do Candomblé, Iansã foi mulher de Ogum e depois de Xangô, seu verdadeiro amor. Xangô roubou-a de Ogum. O nome Iansã é um título que Oyá recebeu de Xangô. Esse título faz referência ao entardecer, Iansã pode ser traduzida como a mãe do céu rosado ou a mãe do entardecer. Ao contrário do que muitos pensam Iansã não quer dizer a mãe dos nove. Xangô a chamava de Iansã, pois dizia que Oyá era radiante como o entardecer ou como o céu rosado e é por isso que o rosa é sua cor por excelência.
Na liturgia da Umbanda, Iansã é senhora dos eguns, os espíritos dos mortos, menos cultuados no Candomblé. Na Umbanda a guia de Iansã é de cor amarela e no Candomblé é vermelha. No Candomblé também é chamada de Oyá. Deusa da espada de fogo, Dona das paixões, Iansã é a Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais. Orixá do fogo, guerreira e poderosa.

Dia da semana: quarta-feira
Saudação: Eparrei
Data: 4 de Dezembro
Metal: Cobre
Comida: acarajé e abará.
Fonte: Wikipédia

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Ministro Humberto Martins fala sobre o dia da Consciência Negra

Nesta terça-feira, comemoramos o dia da Consciência Negra. A data foi escolhida porque neste dia, em 1695, Zumbi dos Palmares foi morto. Ele um grande líder na luta dos negros contra a escravidão no país. 
O Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins destacou a importância dessa data para o judiciário brasileiro e lembrou que a Constituição Federal dá um tratamento de igualdade a todos os cidadãos brasileiros. 
“O movimento Zumbi dos Palmares foi contra a opressão, a falta de liberdade, a falta de oportunidade. E isso é muito importante, inclusive para o poder judiciário brasileiro, para o próprio Direito como instrumento de transformação social. Por isso que este dia é consagrado em todo o Brasil. O dia da Consciência Negra no sentido de que todos nós somos iguais, todos nós temos direitos e as mesmas oportunidades.” 
O ministro Humberto Martins lembrou que a luta pela igualdade vem crescendo no mundo todo e que nesta semana, quando o ministro Joaquim Barbosa assume a presidência do Supremo Tribunal Federal, o Brasil terá um negro no mais alto cargo do judiciário. 
“Eu dou um exemplo através das lutas no próprio Estados Unidos. Luther king. Também o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, o Barack Obama. E agora nós temos o primeiro presidente negro do Supremo Tribunal Federal, que é a maior corte do País. Isso nos deixa alegre, nos deixa feliz. Hoje a comunidade mundial está tendo esta conscientização de que as pessoas ganham e crescem pelo trabalho e pela meritocracia. Todos são iguais em mérito e qualidade, basta querer.” 
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o Pará é o estado que tem o maior índice de negros - 76,7%, seguido da Bahia (76,2%) e do Maranhão (76,2%). 

Autor (a):Coordenadoria de Rádio/STJ
Fonte: STJ - Publicado em 20/11/2012 - 20h20

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Todo crente é de certo modo um ateu




Todo crente é de certo modo um ateu, pois a afirmação da sua crença implica quase sempre a negação de outras crenças e deuses; mais claramente: para ser cristão, é preciso negar ou ignorar o islã, o judaísmo, o budismo, o hinduísmo, a umbanda, o panteísmo, o zoroastrismo, etc. e vice-versa.

Ou seja, para acreditar em Javé, por exemplo, é preciso desacreditar outros deuses com a mesma autoridade ou dignidade: Zeus, Apolo, Amon, Crom, Thor, Odin, Baal, Alá, Shiva, Bhrama, Vishnu, Ogum, Jaci e outros tantos. Por isso, o "meu Deus" e a "minha religião" excluem, necessariamente, a crença, o deus e a religião dos outros, pois só a "minha fé" e o "meu Deus" são verdadeiros, tudo mais é falso.

Afinal, a crença, a religião e o deus dos outros não passam de superstições, crendices, coisas diabólicas, etc. Dizer que só existe um deus, o "meu Deus", é tão insensato quanto dizer que só existe um idioma, o "meu idioma", um país, o "meu país" etc., como se só "eu" existisse.

Somos cristãos pelas mesmas razões que somos brasileiros e não franceses ou italianos e, pois, falamos português e não francês ou italiano: somos herdeiros da colonização e toda tradição de lutas, conquistas e violências que nos precedeu, isto é, uma história de extermínio de povos, culturas, mitos, línguas, religiões e deuses. Trata-se, portanto de algo acidental: se fossemos colonizados pelos chineses, seríamos budistas e falaríamos chinês ou mandarim. Se fossemos colonizados pelos árabes, seríamos muçulmanos e falaríamos árabe.

O deus ou deuses de hoje são as mitologias e as fábulas de amanhã. Toda doutrina, política, moral ou religiosa que pressupõe ou propõe unidade é falsa, tirânica, má e contrária à natureza e à vida, pois a vida, e tudo a que se refere, é múltipla, plural, diversa e em permanente mutação. É preciso presunção, ingenuidade e intolerância para crer assim.

Em geral toda forma de violência tem algum bom pretexto ou uma bela e sonora metáfora. Em nome de Deus, por exemplo, foram cometidas as mais terríveis violências: a noite de São Bartolomeu, o extermínio dos cátaros (ou albigenses), as cruzadas, a inquisição, os massacres patrocinados por Moisés (Êxodo, 32: 27 e 28) ou Josué (6:21) e seus atuais seguidores: Bin Laden, Bush, entre outros.

O cristianismo (o islã, etc.) depende do pecado e do pecador tal qual os presídios, de presos, os cemitérios, de cadáveres, os senhores, de escravos. O cristianismo (re) inventou o pecador (e o pecado) não para libertá-lo, mas para escravizá-lo (a expressão "servo de deus" não existe por acaso) e manipulá-lo; enfraquecê-lo, portanto e pretende ser a cura de uma doença por ele criada: o pecado.

Se cães e gatos pudessem representar seus deuses, certamente os representariam na forma de cães e gatos, e com variações: um pastor na forma de um pastor etc. (Xenófanes revisto). Também assim são os homens, que criam seus deuses à sua imagem e semelhança, os quais variam no tempo e no espaço, inevitavelmente.

De acordo com um crente, todos, à exceção daqueles que compartilham de sua fé, estão no pecado e vão para o inferno ou algo assim. Há hoje tantas denominações (algumas autênticas empresas comerciais) e doutrinas tão díspares e contraditórias que já não temos certeza se o cristianismo é uma religião monoteísta e se ainda se venera o Cristo ou o Dinheiro.

Se Deus fosse julgado por um tribunal isento, seria fácil acusá-lo e difícil absolvê-lo, porque, ou bem seria condenado por omissão: deixar que toda sorte de injustiças, crimes e desastres aconteçam sem nada fazer, embora pudesse fazê-lo e evitá-lo. Ou bem seria condenação por ação: se Ele é onipotente, onipresente e onisciente, que tudo sabe, tudo pode e tudo vê, então todas as violências e crimes são obra sua, e os homens são apenas joguetes ou instrumentos de sua obra, boa ou má. Afinal, os homens atuariam segundo a sua calculada programação, tal qual a morte de seu próprio filho: um homicídio doloso e premeditado;

Erros, decepções, traições, doenças e mortes, por mais que nos causem dor e sofrimento, são inevitáveis e são, pois, a própria vida. Tal qual os animais e plantas, nascemos, crescemos, adoecemos e morremos inevitavelmente. Como os frutos de uma árvore, que precisam amadurecer, cair, apodrecer e soltar suas sementes para que outras árvores e frutos germinem e frutifiquem, assim também são os homens. Nascemos para a morte e morremos para a vida (Heráclito). Convém, por isso, enfrentar a vida, e tudo de bom e ruim que ela implica, com dignidade, galhardia e humor inclusive.

Um Deus que quisesse ser adorado e não apenas temido jamais nos tentaria ou corromperia com promessas ou prêmios (céu, vida eterna etc.) nem nos chantagearia com ameaças de morte, inferno etc. Nem tampouco incentivaria a subserviência, e, pois, a dissimulação, nem condenaria a crítica e a rebeldia necessárias. Um Deus assim não precisaria de servos.

Eu só acreditaria num Deus que não fosse tirânico, ciumento, mesquinho, injusto, cruel, vingativo, misógino, homofóbico e racista. Eu só acreditaria num Deus que fosse grande e justo e maduro e sábio o bastante para saber amar as pessoas como elas realmente são e não como Ele gostaria que elas fossem. Eu só acreditaria num Deus capaz de perceber o que há de grande e pequeno e divino em cada um de nós para além de todo preconceito. Um Deus, enfim, que tratasse judeus e palestinos, crentes e ateus, homens e mulheres, hetero- e homossexuais, prostituas e criminosos com a mesma dignidade, com o mesmo respeito. Afinal, ainda que tenhamos o dom de profetizar e conheçamos todos os mistérios e toda a ciência, ainda que tenhamos tamanha fé, a ponto de transportar os mostres, se não tivéssemos amor, nada seremos (Coríntios 1: 13);

A distinção entre os atos bons e maus, entre os atos de deus e do demônio, e, portanto, a distinção entre deuses e demônios, não preexiste à interpretação, mas é dela resultado. Jesus tinha razão: o reino de Deus - e também do demônio, pois são o verso e reverso de uma mesma moeda, tal qual alto e baixo, direita e esquerda, bem e mal, motivo pelo qual um não existe sem o outro - está dentro de nós (Lucas, 17:21). Para Nietzsche também não existem fenômenos religiosos, mas apenas uma interpretação religiosa dos fenômenos! (Via Paulo Queiroz).

Por Josef Anton Daubmeier
Edição Blog do Pessoa

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

DIA 15 DE NOVEMBRO, DIA NACIONAL DA UMBANDA




Caros Amigos e Irmãos Umbandistas


Dia 15 de novembro se aproxima e estamos a comemorar mais uma vitória de reconhecimento de uma religião que é genuinamente brasileira, a nossa querida UMBANDA. 

A Umbanda surgiu no berço brasileiro especificamente no ano de 1908, com as palavras de Ricardo Barreira, babalorixá da Aldeia Tupiniquim, Coordenador de Projetos de Marketing e Campanhas Publicitárias, Colunista da Rede Bom Dia de Jornais:

“A Umbanda é uma religião genuinamente brasileira, mas com raízes, entre outras, africanas, que se constituiu no início do século passado. A data de 15 de novembro, já consagrada à comemoração da Umbanda em diversos municípios brasileiros, reporta-se ao dia, do ano de 1908, em que o médium Zélio Fernandino de Moraes recebeu, em Niterói, a missão de fundar o novo culto.”

Data esta que nos faz ressuscitar a história das lutas e conquistas dos movimentos negros e afrodescendentes brasileiros que tanto foram estigmatizados pelo preconceito e pela intolerância religiosa ao longo da história. 

A nossa Umbanda é uma religião rica nos seus mais diversos ritos e cultos porque nela não há uma divisão e sim uma união entre os espíritos e os médiuns, há a prática da caridade e o intento da força rejuvenescedora da luta pela vida, a esperança e o amor.

Neste dia tão querido por todos os Umbandistas, saudamos a família Átila Nunes que com sua insistente luta contra a intolerância religiosa no Estado do Rio de Janeiro fez com que nós umbandistas dos demais Estados da Federação tomassem como modelo os vosso exemplo de amor à religião.

Saudamos a família de Zélio Fernandino de Moraes pelo respeito e a conservação do culto a nossa umbanda tradicional. Umbanda esta preconizada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas e que nos trouxe a luz da senda da espiritualidade.

Irmãos umbandistas, convocamos a todos vocês que se unam numa corrente de amor e esperança nesse dia especial, 15 de novembro, DIA NACIONAL DA UMBANDA, em seu terreiro ou templo umbandista para emanarmos as boas energias que fazem nossa grande corrente mãe e a firmeza da nossa bandeira, a BANDEIRA DE OXALÁ.

Meu Saravá Fraterno

Chapadinha (MA), 12 de novembro de 2012

Manoel de Almeida e Silva
Médium na Linha de Nazaré, Bacharel em Direito. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os Chakras





O que são os Chakras?

Chakra, em sânscrito, significa Rosa de Luz. Os chakras são os canais por onde circulam as energias de dentro para fora do corpo humano e vice-versa. Os principais são sete distribuídos ao longo da coluna vertebral, a saber: Coronário, Frontal, Laríngeo, Cardíaco, Solar, Sacro e Base. Os nomes são os mais variados, mas referem-se sempre à mesma coisa. Além dos chakras principais existem 300 secundários. Ao todo, o homem é constituído de 88 mil chakras.

Mas para que servem?
Os chakras são os canais do perispírito, ou corpo somático. Estes canais são responsáveis pela absorção e exteriorização de energias com os mais diferentes propósitos. Os principais propósitos são: o equilíbrio da faculdade mediúnica (paranormalidade, parapsiquismo, etc.), projeção astral (experiências fora do corpo conscientes), equilíbrio emocional e físico.
É interessante saber que cada um dos principais chakras está ligado a uma glândula do corpo humano, e que exercem papéis específicos. Falaremos com detalhes destes papéis e das glândulas nos artigos seguintes.
Resumindo, em uma abordagem espiritualista, a respeito dos chakras, podemos dizer que quanto mais embrutecidos, ligados à matéria e com pensamentos de baixas vibrações estivermos, mais "poluídos" estarão os nossos chakras, trazendo-nos conseqüências à vida espiritual, emocional e até mesmo à saúde. Isso se dá devido ao nosso estado mental, que tem influência direta nos nossos centros de força.
O objetivo que temos através do nosso esclarecimento, é que procuremos através do esforço próprio, elevarmo-nos ao Mais Alto, realizando uma ligação com Deus para que nos tornemos menos densos e voltemos o nosso coração ao bem. Através da reforma íntima, seremos capazes de equilibrar os nossos centros de força e nos beneficiarmos das belezas e maravilhas de estarmos em contato direto com forças e energias sutis. Contato esse que mostrarão para nós quais são as nossas verdadeiras preocupações enquanto encarnados na crosta terrestre. Isso sem falar no benefício de experimentarmos fenômenos que nos dão a certeza de que a vida não termina com o cerrar da tampa de um caixão. Teremos fé ou acreditaremos em algo não por experiência alheia, mas pela nossa própria vivência com o fato.

Como podemos equilibrar os nossos chakras para alcançar estas experiências?

O ideal seria que nossos chakras mantivessem abertos. Quando eles não estão abertos o bastante eles estão sob-ativos, em contrapartida, para nos manter em equilíbrio, temos que manter outros sobre-ativo.
Existem várias técnicas, desde meditações até exercícios físicos, para balancear os chakras. O que eu acho mais fácil e rápido é através de práticas meditativas, claro, unindo com o trabalho pela reforma íntima.
A partir da próxima semana dissertaremos neste blog uma explanação sobre a responsabilidade de cada um dos principais centros de força. Esteja presente!
Namastê!




SURGIMENTO DA UMBANDA


Guerreiros de Aruanda

Informamos aos amigos internautas, umbandistas ou não, que o presente tema é baseado em fatos, atos e provas testemunhais, e não em lendas ou hipóteses, que não podem ser provadas, e que devem ficar no campo da crença.
Torna-se imperioso, antes de ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico sob a forma de religião, expor sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos e culturais que precipitaram o surgimento, na 1ª. década do século XX, da única e genuína Religião Brasileira. No ano de 1500, quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes e já habitada por nativos. A estes aborígines os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias, denominaram de índios.
Os primeiros contatos entre os dois povos foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os estrangeiros apresentavam. Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos habitantes de Pindorama (nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam ali por motivos pouco nobres. O relacionamento até então pacífico começa a se desmoronar como um castelo de areia.

São inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na novel lavoura. Reagem, resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade. Mais tarde, o escravizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do chicote, são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda a espécie
de castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida.
Desta forma, índios e negros, unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam nas Terras de Santa Cruz. Ora laborando no Plano Astral, ora como encarnados, estes espíritos lutavam incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que alguns irmão de raça se livrassem do rancor, do ódio e do sofrimento que lhes foram e eram infligidos. De outra parte, a igreja católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso, investe covardemente para eliminar as religiosidades negras e índia. Muitas comitivas sacerdotais são enviadas, com o intuito “nobre” de “salvar” a alma dos nativos e dos africanos.
Os anos sucedem-se. Em 1889 é assinada a Lei Áurea. O quadro social dos ex-escravos (índios e negros) é de total miséria. São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao mal, à vingança e à desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata.
No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios, caboclos (mamelucos), cafuzos e negros, não tinham campo de atuação nos agrupamentos religiosos existentes. O catolicismo, religião de predominância, repudiava a comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava preocupado apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o rótulo de “doutores”.
Os Senhores da Luz (Araxás, Orixás), atentos ao cenário existente, por ordens diretas do Cristo Planetário (Oxalá) estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral aberta a todos os espíritos de boa vontade, que quisessem praticar a caridade, independentemente das origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso existente no Brasil.
Começa a se plasmar no Plano Terreno, sob a forma de religião, a Corrente Astral de Umbanda, com sua hierarquia, bases, funções, atributos e finalidades. Enquanto isto, no plano terreno surge, no ano de 1904, o livro Religiões do Rio, elaborado por “João do Rio”, pseudônimo de Paulo Barreto, membro emérito da Academia Brasileira de Letras.
No livro, o autor faz um estudo sério e inequívoco das religiões e seitas existentes no Rio de Janeiro, àquela época, capital federal e centro sócio-político-cultural do Brasil. O escritor, no intuito de levar ao conhecimento da sociedade os vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então Distrito Federal, percorreu igrejas, templos, terreiros de bruxaria, macumbas cariocas, sinagogas, entrevistando pessoas e testemunhando fatos. Não obstante tal obra ter sido pautada em profunda pesquisa, em nenhuma página desta respeitosa edição cita-se o vocábulo Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida.
Foi então que em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Niterói-RJ, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspectos sobrenaturais: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: “amanhã estarei curado”. No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava 17 anos de idade e preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha.
A medicina não soube explicar o que acontecera. Os tios, sacerdotes católicos, colhidos de surpresa, nada esclareceram. Um amigo da família sugeriu então uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e superior a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o Zélio se levantou, dizendo: “aqui está faltando uma flor”, e saiu da sala indo ao jardim, voltando logo após com uma flor, que depositou no centro da mesa.
Esta atitude insólita causou quase que um tumulto. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios. Foram convidados a se retirarem, advertidos de seu estado de atraso espiritual.
Novamente uma força estranha dominou o jovem Zélio e ele falou, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação daqueles espíritos e do por que em serem considerados atrasados apenas por encarnações passadas que revelavam. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.
Um médium vidente perguntou: “Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceita a manifestação de espíritos que,pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados ? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz ? E qual o seu nome irmão ?”
E o espírito desconhecido falou: “Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho para dar início a um Culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados”.
O vidente retrucou: “Julga o irmão que alguém irá assistir a seu Culto ?” perguntou com ironia.
E o espírito já identificado disse: “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o Culto que amanhã iniciarei”.

No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, n. 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 H, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de
desconhecidos.
Às 20:00 H, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo Culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste Culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamadas os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 H; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.
Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do espírito para a caridade.

A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho Jesus nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou conforto. Ditadas as bases do Culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos kardecistas presentes
ali, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou para a parte prática dos trabalhos, curando enfermos, fazendo andarem paralíticos. Antes do término da sessão, manifestou-se um Preto-Velho, Pai Antônio, que vinha completar as curas. No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto. Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixou os sanatórios e derem provas de suas qualidades excepcionais.
A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar a entidade espiritual Orixá Male, com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.
Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá; Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Jerônimo.
Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão. Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuíram financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou.
Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados,procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos. “Não os aceite. Devolva-os”, ordenava sempre o Caboclo.
A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, os mesmos tiveram como causas, primeiro, o fato que naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e o segundo, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda.
O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou os atabaques e outros instrumentos de percussão, além das palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos. As guias utilizadas seriam apenas as que determinassem a Entidade que se manifestasse. Os banhos com ervas, os Amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos de preparação do médium.
Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (o primeiro Templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa de Moraes, continuando ao lado de sua esposa Isabel Morse, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadoras de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam. Em 1971, a Sra. Lilia Ribeiro, Presidenta da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ), gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e alto grau de evolução desta Entidade Missionária de muita luz. Ei-la:
“A Umbanda tem progredido e vai progredir.
É preciso haver sinceridade, honestidade, e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.
O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem.
É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas Casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa.
Umbanda é humildade, amor e caridade – esta é a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange (Linha) de Oxossi, meu Pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão.
Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas Casas de Umbanda.
Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos dezoito. Posso dizer o ajudei a casar, para que não estivesse a dar “cabeçadas”, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que safram desta Casa.
Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe (Maria); este Espírito que viria traçar à Humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.
Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares.
Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos.
Eu, meus irmãos, como o menor espírito de baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria. “Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas”.

DESCONHEÇO O AUTOR

Em Defesa da Umbanda



O Movimento da Juventude Umbandista reuniu-se na sede da Polícia Civil com o delegado Fernando Reis, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada e o delegado Gilson Perdigão, titular da Delegacia de Repressão de Crimes na Internet em encontro determinado pelo Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. 
Os umbandistas levaram um dossiê com DVDs reunindo sites e blogs que circulam na internet estimulando o ódio e o vilipêndio religiosos contra os espíritas. 
Dentre os vários sites, ditos evangélicos, que incitam fiéis contra espíritas, um em especial se destaca, o do Centro Apologético Cristão de Pesquisas. Com citações bíblicas, induz ao assassinato de espíritas através de apedrejamento com banho de sangue (abaixo seguem algumas dessa citações). 
Átila Alexandre Nunes, coordenador do Movimento da Juventude Umbandista, pediu à Polícia Civil providências contra esses crimes praticados pelos fanáticos na internet, já que está em risco a segurança dos médiuns nas sessões. Ele lembra o caso de uma seita de fanáticos, intitulada Igreja Geração de Cristo, cujos fiéis invadiram e depredaram um centro no Rio.
O dossiê foi entregue aos delegados titulares pelos umbandistas, que solicitaram a abertura de inquéritos individuais contra cada um dos autores desses sites que além de praticar o vilipêndio religioso, estimulam agressões e até assassinatos. Todos os sites já foram identificados e é inútil que seus autores os retirem do ar, já que o crime já foi configurado. 
O Movimento da Juventude Umbandista divulgou nota em que diz que esse tipo de preconceito veiculado na internet dissemina o fanatismo provocando a violência, colocando em risco a segurança pessoal dos médiuns e dirigentes. Átila Alexandre Nunes disse que as denúncias chegam de várias partes do país, exigindo a atenção dos Ministérios da Justiça e das Comunicações, já que essa prática é também veiculada nas concessões públicas de Rádio e TV. "A Anatel não pode mais ignorar o desvirtuamento do uso de canais concedidos pelo poder público" – disse.