quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dia de Yemanjá – 08 de dezembro



A lenda diz que Yemanjá é tida como a mãe de todos os Orixás, e esta está relativamente certa, já que, se algo existe, é porque foi gerado. E, porque Yemanjá é em si mesma essa qualidade geradora do divino Criador, então ela está na origem de todas as divindades.
Mas as coisas de Deus não acontecem assim, e Ele, quando começou a gerar, já havia ordenado sua geração. Então, Ogum já existia e ordenava a geração de Yemanjá. Oxum já existia e agregava o que ela estava gerando, etc. Bem, o caso é que Yemanjá é a "Mãe da Vida" e como tudo o que existe, só existe porque foi gerado, então ela está na geração de tudo o que existe.
O amor maternal é uma característica marcante dessa divindade da geração, e quem se coloca de forma reta sob sua irradiação logo começa a vibrar esse amor maternal, que aflora e se manifesta com intensidade. Yemanjá por ser em si a geração, está na gênese de tudo, como os próprios processos genéticos. E, se Ogum agrega ou funde o espermatozoide e o óvulo, Yemanjá é o processo genético que inicia a mutiplicação celular, ordenada por Ogum, comandada por Oxoce, direcionada por Yansã, equilibrada por Xangô, estabilizada por Omulú e cristalizada em um novo ser por Oxalá.
No arquétipo psicológico, expandem-se as características insinuadas pela descrição dos mitos e lendas de Yemanjá. Também fica fácil entender os conceitos principais se mantivermos a comparação com o Orixá Oxum. Como os filhos da mãe da água doce, os de Yemanjá, também gostam de luxo, das jóias caras e dos tecidos vistosos. Gostam de viver num ambiente confortável e, mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais da comunidade de que fazem parte.
Enquanto os filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Yemanjá se mostram mais diretos. São capazes de fazer chantagens emocionais, mas nunca diabólicas. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo.
Como são pessoas presas ao arquétipo da mãe, a família e os filhos têm grande importância na vida dos filhos de Yemanjá. A relação com eles pode ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia.
São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens, detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os quase ritos que fazem do cotidiano.
Apesar do gosto pelo luxo, não são pessoas obcecadas pela própria carreira, sem grandes planos para atividades a longo prazo, a não ser quando se trata do futuro de filhos e entes próximos.
Todos esses dados nos apresentam uma figura um pouco rígida, refratária a mudanças, apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém doce, carinhoso, sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com os problemas e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Yemanjá, como em nenhum Orixá. Seu caráter pode levar o filho desse Orixá a ter uma tendência a tentar concertar a vida dos que o cercam - o destino de todos estariam sob sua responsabilidade.
Os filhos de Yemanjá demoram muito para confiar em alguém, bons conhecedores que são da natureza humana. Quando finalmente passam a aceitar uma pessoa no seu verdadeiro e íntimo círculo de amigos, porém, deixam de ter restrições, aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos erros como nos acertos, tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas.
Um filho de Yemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem esquecê-las jamais.

Fonte: http://templo-pai-oxoce.6te.net