A lenda diz que
Yemanjá é tida como a mãe de todos os Orixás, e esta está relativamente certa,
já que, se algo existe, é porque foi gerado. E, porque Yemanjá é em si mesma
essa qualidade geradora do divino Criador, então ela está na origem de todas as
divindades.
Mas as coisas de
Deus não acontecem assim, e Ele, quando começou a gerar, já havia ordenado sua
geração. Então, Ogum já existia e ordenava a geração de Yemanjá. Oxum já
existia e agregava o que ela estava gerando, etc. Bem, o caso é que Yemanjá é a
"Mãe da Vida" e como tudo o que existe, só existe porque foi gerado,
então ela está na geração de tudo o que existe.
O amor maternal
é uma característica marcante dessa divindade da geração, e quem se coloca de
forma reta sob sua irradiação logo começa a vibrar esse amor maternal, que
aflora e se manifesta com intensidade. Yemanjá por ser em si a geração, está na
gênese de tudo, como os próprios processos genéticos. E, se Ogum agrega ou
funde o espermatozoide e o óvulo, Yemanjá é o processo genético que inicia a
mutiplicação celular, ordenada por Ogum, comandada por Oxoce, direcionada por
Yansã, equilibrada por Xangô, estabilizada por Omulú e cristalizada em um novo
ser por Oxalá.
No arquétipo
psicológico, expandem-se as características insinuadas pela descrição dos mitos
e lendas de Yemanjá. Também fica fácil entender os conceitos principais se
mantivermos a comparação com o Orixá Oxum. Como os filhos da mãe da água doce,
os de Yemanjá, também gostam de luxo, das jóias caras e dos tecidos vistosos.
Gostam de viver num ambiente confortável e, mesmo quando pobres, pode-se notar
uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais da comunidade
de que fazem parte.
Enquanto os
filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Yemanjá se mostram mais
diretos. São capazes de fazer chantagens emocionais, mas nunca diabólicas. A
força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o
sentido da amizade e do companheirismo.
Como são pessoas presas ao arquétipo da mãe, a família e os filhos têm grande importância na vida dos filhos de Yemanjá. A relação com eles pode ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia.
Como são pessoas presas ao arquétipo da mãe, a família e os filhos têm grande importância na vida dos filhos de Yemanjá. A relação com eles pode ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia.
São pessoas que
não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e
costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens, detestam
os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os
quase ritos que fazem do cotidiano.
Apesar do gosto
pelo luxo, não são pessoas obcecadas pela própria carreira, sem grandes planos
para atividades a longo prazo, a não ser quando se trata do futuro de filhos e
entes próximos.
Todos esses
dados nos apresentam uma figura um pouco rígida, refratária a mudanças,
apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém doce, carinhoso,
sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com os problemas
e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Yemanjá, como em
nenhum Orixá. Seu caráter pode levar o filho desse Orixá a ter uma tendência a
tentar concertar a vida dos que o cercam - o destino de todos estariam sob
sua responsabilidade.
Os filhos de
Yemanjá demoram muito para confiar em alguém, bons conhecedores que são da
natureza humana. Quando finalmente passam a aceitar uma pessoa no seu
verdadeiro e íntimo círculo de amigos, porém, deixam de ter restrições,
aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos erros como nos acertos,
tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas.
Um filho de
Yemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem
esquecê-las jamais.
Fonte: http://templo-pai-oxoce.6te.net