Oração de Santa Bárbara
“Santa Bárbara, que
sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei
que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões
não me abalem a coragem e a bravura. Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar
de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades e batalhas de minha vida,
para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido,
possa agradecer a vós, minha protetora, e render graças a Deus, criador do céu,
da terra e da natureza: este Deus que tem poder de dominar o furor
das tempestades e abrandar a crueldade das guerras. Por Cristo, nosso
Senhor. Amém.”
Santa Bárbara nasceu
na cidade de Nicomédia na região da Bitínia, onde hoje se
localiza a cidade de Izmit, na Turquia, às margens do Mar de Mármara.
Bárbara viveu no final do Século III. Foi uma bela jovem, filha única de
Dióscoro, um rico e nobre morador de Nicomédia.
Dióscoro não queria
deixar sua filha única viver no meio da sociedade corrupta daquele tempo. Por
isso, decidiu fechá-la numa torre. Lá, ela era ensinada por tutores da
confiança de seu pai. Porém, aquilo que parecia um castigo, começou a abrir a
mente de Bárbara. Do alto da torre ela contemplou a natureza: as estações do
ano, a chuva, o sol, a neve, o frio, o calor, as aves, os animais, etc. Tudo
isso fez Bárbara questionar se aquilo era realmente criação dos “deuses”, como
seus tutores e seu povo creditavam, ou se havia “alguém” muito mais inteligente
e poderoso por trás da criação. Contudo, Barbara se opunha a fé de seu pai o
que a levou ser perseguida por conta de sua nova crença até ser degolada pelo
próprio pai.
A história conta que
ao degolar a filha Dióscoro foi atingindo por um raio que rasgou os céus e
fulminou também sua vida em resposta ao homicídio de sua própria filha, esse
fato ficou marcado como exemplo de fé de Barbara por se tornar irredutível em
relação a sua fé e pelo castigo que o pai recebeu por ter ceifado sua vida
ainda jovem.
A festa de Santa
Bárbara é celebrada na Igreja Católica e na Igreja
Ortodoxa. A festa é celebrada no dia 4 de Dezembro de cada ano.
Mas a grande mensagem
de Santa Bárbara destina-se a todos aqueles que buscam a verdade,
principalmente os jovens. Ela nos ensina a buscar a verdade com coração sincero
e aberto. Ensina também que o casamento não deve acontecer por mero interesse,
mas sim por amor. Por fim, Santa Bárbara nos dá uma mensagem de coragem e fé. A
palavra mártir quer dizer testemunha e se aplica aos cristãos que preferiram
morrer a negar sua fé e segundo eles pecar. Esta é a história dessa Santa que
atraiu até mesmo os olhares de pessoas de outras religiões como as Religiões
Afros, especialmente a Umbanda.
Com a escravidão dos
Negros vindo das diversas regiões da África os Orixás passaram a serem
conhecidos pelas colônias Portuguesas, Francesas e Holandesas na América do Sul
a partir do ano de 1500 d. C. Receosos com a possível revolta dos escravos e
com seus modos peculiares de suas culturas e religiões, o culto aos orixás
foram reprimidos pelos escravocratas com o fim de tornar eles (os escravos)
sujeitos as suas vontades e sempre no controle. Revidando a esse processo os
escravos africanos sincretizaram seus Deuses Orixás nos Santos Católicos a fim
de não perderem suas origens culturais-religiosas. Daí termos Orixás
sincretizados em santos católicos sendo ambas as divindades distintas, mas
cultuadas nos terreiros dos povos de matriz africana nessa duplicidade de fé
como Santa Barbara e Iansã.
Nas Religiões Afro-brasileiras
Portanto, na
mitologia Afro Oyá/Iansã é a deusa do Rio Níger, é representada
com um alfange e uma cauda de animal nas mãos, e com um chifre de búfalo na
cintura. Na mitologia iorubá, Xangô casou-se com três de suas
irmãs, deusas de rios: Oyá, Oxum (deusa do rio Osun) e Obá (deusa
do rio Obá). Nas lendas provenientes do candomblé,
Iansã foi mulher de Ogum e depois de Xangô, seu verdadeiro amor. Xangô roubou-a
de Ogum.
O nome Iansã é um
título que Oyá recebeu de Xangô. Esse título faz referência ao entardecer,
Iansã pode ser traduzido como "a mãe do céu rosado" ou "a mãe do
entardecer". Ao contrário do que muitos pensam, Iansã não quer dizer
"a mãe dos nove". Xangô a chamava de Iansã pois dizia que Oyá era
radiante como o entardecer ou como o céu rosado e é por isso que o rosa é sua
cor por excelência. Na liturgia da umbanda, Iansã é senhora dos eguns,
os espíritos dos mortos, menos cultuados no candomblé. Na umbanda,
a guia de Iansã é de cor laranja (coral) e, no candomblé, é vermelha,
mas podendo ser utilizado a guia de cor vermelha na umbanda. No candomblé,
também é chamada de Oyá. Seu dia da semana é quarta-feira e sua saudação
é Eparrei.
Encantaria do Maranhão e Barbara Soeira
Encantaria, Terecô, Mata ou Encantaria de Barba Soeira, é uma
forma de pajelança afro-ameríndia, praticada, sobretudo no Piauí, Maranhão e
Pará. Em seus rituais, são cultuadas diversas divindades de origens diversas,
tais como africanas (Voduns e certos Orixás), indígenas (O Raio, o Sol),
católicas (o Deus único, o Espírito Santo e a Virgem Maria) e brasileiras (os
Encantados e os Caboclos).
Diferente da Umbanda, na qual as entidades são espíritos de
índios, escravos, etc, que desencarnaram e hoje trabalham individualmente
(geralmente usando nomes fictícios), na Encantaria, as entidades não são
necessariamente de origem afro-brasileira e não morreram, e sim, se
"encantaram", ou seja, desapareceram misteriosamente, tornaram-se
invisíveis ou se transformaram em um animal, planta, pedra, ou até mesmo em
seres mitológicos e do folclore brasileiro como sereias, botos e curupiras.
Na Encantaria, as entidades estão agrupados em famílias e
possuem nomes, sobrenomes e geralmente sabem contar a sua história de quando
viveram na terra antes de se encantarem.
O Piauí é fortemente influenciado pelo culto da encantaria
maranhense devida a proximidade territoriais desses Estados, principalmente
Teresina, que fica na divisa dos dois estados e muito próxima da cidade de Codó
(Capital Mundial da Feitiçaria), recebe muita influência do Tambor de Mina e da
Encantaria Maranhense, além da tradicional Umbanda. Em Teresina é possível encontrar
mais de 500 terreiros de cultos afro-brasileiros.
O Estado do Maranhão é o berço de uma outra forma de
umbandismo. A encantaria é presente em praticamente em todo o estado, tendo
atravessado as fronteiras do Maranhão e chegando a estados vizinhos como o
Piauí e o Pará. Mas, a verdade é que muitas entidades da encantaria de mina do
Maranhão já pode ser encontrada em tendas de todo o Brasil. Os maiores centros
de encantaria são as cidades de São Luís, Codó, Caxias, e Cururupu, todas no
Maranhão , e também Teresina no Piauí e Belém do Pará. Os encantados do
Maranhão estão agrupados em famílias, tem nomes próprios e contam suas
histórias de quando viveram na Terra. Eles dizem que estar encantado é como
viver em um mundo congelado, pois eles vêem as coisas acontecerem ao redor, mas
ninguém pode vê-los, eles estão invisíveis.
Os lugares onde eles se encontram encantados fazem
referências a diversas coisas e lugares do estado como as matas de Codó, o
boqueirão, ilhas e a famosa Praia dos Lençóis, onde se encontra o Reinado do
Rei Dom Sebastião. Rei Sebastião e o Touro Encantado dos Lençóis O touro
encantado da Praia dos Lençóis Maranhenses é um grande touro negro, com uma
estrela brilhante na testa, que aparece misteriosamente em noites de
sexta-feira. Dizem que Dom Sebastião aparece na praia na forma do touro negro.
Se alguém conseguir atingir a estrela e ferir o touro, o reino será
desencantado, a cidade de São Luís irá submergir e aparecerá uma cidade
encantada com os tesouros do rei." Alguns dizem que Dom Sebastião costuma
aparecer principalmente em junho, durante as festas do bumba-meu-boi, e em
agosto, época do aniversário da batalha de Alcácer-Quibir. Dizem também que
atualmente o Rei Sebastião já não está mais aparecendo porque “a Praia dos
Lençóis está sendo muito visitada e já possui muitos moradores”.
"Afirma-se que as dunas de areia da Praia dos Lençóis têm semelhanças com
o campo de Alcácer-Quibir, onde el rei dom Sebastião desapareceu. Lençóis é
considerada uma praia encantada, que serve de morada a Dom Sebastião. Seu reino
está oculto no fundo do mar, próximo aquela praia. O rei vive em seu palácio
submerso e seu navio nunca encontra a rota para Portugal.
Conta-se ainda que tudo o que existe em Lençóis pertence ao
Rei Sebastião e que ninguém pode se apropriar do que é seu. Quem tentar levar alguma
coisa que pertence à praia terá que devolver o quanto antes, sob pena de
arriscar a própria vida e a de todos os seus companheiros. O barco pode afundar
e levar todos para a morada de Dom Sebastião, identificada como o Reino ou
Palácio de Queluz (embora este só tenha sido construído no século XVIII, na
cidade de Sintra, muito depois de sua época). Num dos cânticos do Tambor de
Mina, o Rei Touro é lembrado: "Rei Sebastião, guerreiro militar. Rei
Sebastião, guerreiro militar. E quem desencantar lençol, põe abaixo o
Maranhão". Nesse culto, diz-se que, na praia dos Lençóis, mora toda uma
família de encantados, formada apenas por reis e fidalgos, como a Família da
Turquia, chefiada por um rei mouro, Dom João de Barabaia, que lutou contra os
cristãos. É a esta família que pertence a Bela Turca, a Cabocla Mariana, que
vem ao mundo não apenas na forma de turca, mas também como marinheira, cigana
ou índia. A vinda do Rei Dom Sebastião ao corpo de um sacerdote é muito rara,
alguns falam que ocorre de sete em sete anos.
Referências. Literatura J. Reginaldo Prandi, André
Ricardo de Souza: Encantaria Brasileira: O Livro dos Mestres, Caboclos E
Encantados (Google Books), Pallas Editora, 2001