sábado, 24 de março de 2012

CASAMENTO NA UMBANDA EM ALTOS PIAUÍ

Por Manoel Almeida





Tenho muita satisfação em realizar esta postagem, pois se trata de um dos sacramentos mais importantes da nossa Umbanda querida. 
O Casamento ou matrimônio é o vínculo estabelecido entre duas pessoas, mediante o reconhecimento governamental, religioso ou social e que pressupõe uma relação interpessoal de intimidade, cuja representação arquetípica é as relações sexuais, embora possa ser visto por muitos como um contrato.
As pessoas casam-se por várias razões, mas normalmente fazem-no para dar visibilidade à sua relação afetiva, para ter estabilidade econômica e social, para constituir família, ter e educar os seus próprios filhos, legitimar o relacionamento sexual, entre outras razões. O casamento é celebrado através de uma cerimônia, que pode ser oficiada por um ministro religioso (padre, Pai de Santo, rabino, pastor etc.) dependendo da religião ou por um oficial do registro civil (normalmente juiz de casamentos).
Normalmente os casamentos na Umbanda têm muita semelhança com o casamento na Igreja Católica, em fundamentos, não no ritual. Quem preside a cerimônia é o Guia ou a Entidade chefe do terreiro. Os noivos, assim como todo o corpo de médiuns estão vestidos de branco.  Os noivos entram juntos, lado a lado e por todo caminho o casal recebe pétalas de flores, cravo e canela em pó por onde passam.  A Entidade celebra a união, abençoa as alianças e faz uma preleção sobre a união do casal.  Eles são abençoados e ao som dos atabaques e dos pontos cantados, eles são cumprimentados.  A seguir é oferecida uma festa comum em todos os casamentos. É isso! Uma cerimônia rápida e bonita.
Cerimônia de Casamento Religioso na Umbanda
Costumamos pensar em casamento em duas etapas: o civil e o religioso.
Há quem case antes no papel para depois trocar alianças na igreja e quem faça o processo inverso, indo primeiro até o padre e depois participando de uma cerimônia simples no cartório para legalizar a união. O que nem todos os noivos sabem é que o casamento religioso pode ter valor civil. Trocando em miúdos: você pode casar na igreja e pular a parte da cerimônia no cartório
Quem se casou no religioso e gostaria que seu casamento tivesse valor civil? Também é possível fazer o pedido. Os noivos deverão comparecer ao cartório com duas testemunhas, certidões de nascimento e RG e um termo de religioso com efeito civil, que é feito pelo religioso dirigente do local onde foi realizado a cerimônia. Este documento deve ser assinado pelo Chefe Espiritual da casa que conduziu a cerimônia e esta assinatura deve ser reconhecida no cartório. É dada a entrada no processo e alguns dias depois sai o certificado de casamento.
Para os que se casaram no religioso no centro espírita ou terreiro de umbanda Parabéns! Casamento é um dos sacramentos da Lei de Umbanda fortemente preconizado pelos nossos doutrinadores espirituais. O Centro Umbandista dirigido por Pai Claudio D’ Ogum na cidade de Altos - PI mostra que tem nas suas raízes as bases de uma verdadeira doutrina umbandista.
 Todavia, essa consciência de nossas raízes e direitos ainda não se despertou em muitos de nossos irmãos chefe de centros umbandista a valorização desse instituto divino, seja isso por causa da aculturação pela doutrina Católica ou pela falta de conhecimento das leis do mundo jurídico.
É o primeiro Centro de Umbanda dessa Região que vi acontecer um casamento, fato que não ocorre em Nazaré do Bruno, nem em outras regiões do Baixo Parnaíba Maranhense por conta desse apego as regras Católicas. Os umbandistas devem tomar corpo a sua fé umbandista, que nossa lei tem fundamento, que a umbanda é uma religião genuinamente brasileira e que o batismo e o casamento não são exclusividades de uma só Igreja, mesmo porque Jesus Cristo não foi batizado dentro de um templo religioso, mas sim em meio à natureza, nas águas do rio Jordão.
Saravá Fraternos a todos nossos irmãos.
Fotos Gentilmente cedidas pelo Chefe Espiritual Pai Claudio D' Ogum, Altos - PI

quarta-feira, 14 de março de 2012

ESSA É A MELHOR MATÉRIA SOBRE NAZARÉ DO BRUNO

A Eira é um lugar mágico, um circulo de poder, criado em união com os reinos, humano, dévico e angélico.

Uma eira deve ser entendido como um lugar de força, onde o que está em jogo, nem sempre é compreendido pela mente comum, mas que emula forças supranaurais, decorrente da união destes três reinos. A Eira a que me refiro é um lugar plasmado no plano físico, com localização geográfica, em torno do qual nasceu um pequeno povoado, de pessoas que para ali se dirigiram em sua época de ativação, em busca de curas miraculosas e de poder pessoal. Nesta etapa de ativação, que ocorreu por volta da década de 40, surgiu um homem de conhecimento, um hierofante e sacerdote da magia natural, ou seja, um xamã, que compreendeu o posicionamento extratégicos de pontos de poder e os uniu através de rituais mágicos, invocando as forças da natureza, para fecharem o círculo mágico, a eira.

Este homem, era um peregrino negro, um curador, que ali chegou após um sonho divinatório, fazendo sua hermida em um vale denso, coberto de florestas, cercado por córregos vivos, onde muitos animais moravam, inclusive onças, ele viveu sozinho naquela região, estudando a geografia esotérica do lugar, descobrindo os sete pontos de força geomântica. Como relatei acima, ele ligou estes pontos por meio de rituais mágicos, invocando as forças naturais, quando ele conseguiu este feito, um campo de força surgiu em torno do lugar e as linhas leys foram ativadas por energia geomântica, fechando, literalmente, um circulo perfeito, que cuminou com a abertura daquele vórtice em pleno sertão. Quando o mestre conseguiu este feito, acontecimentos mágicos surgiram, como a vinda de seres encantados, que se apresentaram a ele, um deles era o príncipe areolino, um deva encantado, que se tornara seu aliado e guia.

Então muitas pessoas ouviram falar dos feitos mágicos daquele mestre e vieram em busca de cura e poder pessoal, as primeiras curas foram realizadas numa clareira no centro do vale e as primeiras pessoas que obteram cura se tornaram seus seguidores e passaram a habitar o local, logo este homem se tornou conhecido em muitos lugares e até além do atlantico, no velho mundo, de onde vinham pessoas procurá-lo, tentando comprendê-lo, conhecê-lo. Ele tratava de muitos males, inclusive loucura e doenças desconhecidas da mediciina. Uma certa vez trouxeram-lhe um homem enlouquecido e acorrentado, vindo de longe na esperança de que o mestre pudesse curá-lo, ao enxergá-lo o mestre pediu que removessem as correntes, a familia advertiu que o homem se tornava violento ao ser solto, mas o mestre insistia, então removeram as correntes e o homem vendo-se livre, pulou sobre o mestre e mordeu-lhe a orelha esquerda, deixando-lhe uma marca. O mestre inabalável deu-lhe um golpe com seu bastão de poder e o homem caiu inerte, desmaiado. Após horas de apreensão da familia, o homem desperta apavorado perguntando o que havia acontecido, estava curado.

Como esta, foram muitas as curas realizadas pelo mestre, que se tornava mais e mais famoso, à medida que a pequena vila se tornava um povoado. O mestre então, como tinha raízes afro e instrução cristã, abriu centros de cura baseados na Umbanda, por esta ser "religião" que acessa os niveis básicos da evolução espiritual, encaminhando muitas entidades errantes para os campos de concentração em torno da Eira. Mas os conhecimentos daquele homem ía mais além do que a religião, eles penetravam no mistério profundo da magia natural, que ele mantinha como um ensinamento secreto, aberto a muito poucos, os que tinham os sinais do homem de conhecimento, assim sendo ele iniciou poucas pessoas nesta arte secreta, uma delas era uma jovem, que possuia os sinais, era uma mulher de conhecimento, desprovida do medo inerente ao homem comum, ele a conduziu nos mistérios da natureza e quando ela estivesse pronta lhe deixaria seu legado mágico.

Por vezes ele se retirava a lugares desconhecidos, levando seu embornau e seu bastão de poder, indo para destinos ignorados, dentro da mata. As pessoas na comunidade ficavam ansiosas por sua volta, não se sentiam seguras sem ele, ele era uma chave mestra no centro da Eira, ele provara que ao unir a luz mística do ser humano, aos poderes da natureza e às forças angélicas, se operavam "milagres" e feitos mágicos inexplicáveis pela ciência comum. Ele se tornou um mediador entre estas forças, ele era o xamã.
Geralmente passava oito dias desaparecido, sem que ninguém soubesse o seu paradeiro, nem mesmo a mulher com que se casou, com quem compartilhava sua vida. Quando ele retornava e era visto no cume dos morros, alguns gritava anunciando sua chegada, então o povo se reunia na clareira central, ele traduzia os novos conhecimentos e os seus princípios místicos, através de uma linguagem muito acessível para a maioria, á exemplo de mestres, como Jesus, que falava por parábolas. Ele usava a linguagem da umbanda, com que acessava os recônditos secretos de todos aqueles homens e mulheres, assim lhes falava de mistérios e segredos. Nesta ocasiões sempre haviam festividades sagradas, onde tocavam tambores com batidas hipnóticas e muitos médiuns entravam em transe, recebendo espíritos encantados da natureza e curavam e profetizavam, girando e cantando até o nascer do sol.

Um certo dia, enquanto curava dezenas de pessoas no centro da clareira, foi informado por seus guias, que homens da polícia estavam vindo prendê-lo, sob a acusação de prática ilegal da medicina, então ele informou para os seguidores e estes pediam implorando que não deixasse levá-lo, então ele se comunicou com seus aliados e pediu que fechassem a Eira, imediatamente muitos guias desceram e o ritual teve um ponto alto, os tambores rufavam e ecoavam pelo vale, reverberando em torno dos morros sagrados. Os homens da polícia se perderam na mata, não conseguiam encontrar o caminho para a Eira, davam voltas em círculos, ouviam apenas o som dos tambores e diziam é por ali, indo na direção errada, ficando perdidos quase uma noite toda nas matas em torno da Eira, mas não conseguiam entrar na mesma.

Então o mestre, tomado de coragem, levantou-se e deu a ordem, abram a Eira e deixem que eles venham. Imediatamente os caminhos se abriram  e a polícia conseguiu chegar ao povoamento e o prenderem apesar de muitos terem se colocado à sua frente. Mas aquele mestre, havia se tornado muito conhecido e muitos sabiam que era injusta a acusação, que ele operava curas mediante seu conhecimento mágico espiritual, então ele voltou à Eira, montado em um cavalo branco que recebera com um pedido de desculpas.

O povoado crescia, e por aquelas ruas nos dias de trabalho o mestre passava tocando o seu tambor acompanhado de uma comitiva, de casa em casa, convidando para a festividade e mais e mais pessoas se somavam àquela comitiva por onde passavam, era uma pessoa muito respeitada, era um lider absoluto da comunidade. A entidade principal destas festividades era seu maior aliado, o príncipe Areolino, o legitimo dono daquelas terras e apenas o mestre tinha o privilégio de recebê-lo.